O Cérebro de Crianças que Crescem em Vizinhanças Violentas se Desenvolve Diferentemente
De acordo com a pesquisa publicada na revista JAMA Network Open, o impacto do crime na infância pode alterar a rede cerebral que processa emoções, levando a possíveis implicações no comportamento e na saúde mental durante a adolescência.
Os pesquisadores da Universidade de Chicago, E.U.A., analisaram ressonâncias magnéticas de cérebro de mais de 8.000 crianças britânicas de 18 anos, todas as quais cresceram em vizinhanças com diferentes níveis de criminalidade.
A equipe descobriu diferenças significativas nos cérebros das crianças nascidas em áreas de alto crime, especialmente nas regiões do cérebro que controlam a emoção e as reações ao estresse, quando comparadas com aquelas que cresceram em áreas com baixos níveis de crime.
"Quando uma criança está exposta a altos níveis de crime em sua vizinhança, ela pode desenvolver uma reação de luta ou fuga mais intensa, e é isso que vemos refletido nos exames de ressonância magnética", disse o Dr. Dustin Pardini, um dos autores principais do estudo. Segundo Pardini, essa hiperatividade no cérebro pode se manifestar em comportamentos mais agressivos ou reativos.
Outra constatação importante do estudo foi que as diferenças no desenvolvimento cerebral não ocorreram apenas em crianças expostas à violência direta. Mesmo as crianças que vivem em áreas de alto crime, mas que não foram diretamente expostas à violência, apresentaram alterações significativas na forma como o cérebro processa as emoções.
Além disso, os pesquisadores sugerem que proporcionar ambientes mais seguros e estáveis para as crianças pode desempenhar um papel crucial no desenvolvimento saudável do cérebro.
Os pesquisadores argumentam que suas descobertas reforçam a necessidade de políticas públicas mais focadas na prevenção do crime, especificamente em áreas com altos níveis de violência e onde habitam muitas famílias com crianças.
"Estas são questões que podem ser resolvidas.
Temos que começar a pensar em como podemos tornar as vizinhanças mais seguras para as crianças crescerem, porque isso tem um impacto real na forma como o cérebro delas se desenvolve", concluiu o Dr. Pardini.
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