O cérebro usa um mapa neural interno para navegar através da memória e tempo


O cérebro humano tem que lidar com uma quantidade significativa de dados a cada milissegundo. Para manter tudo isso sob controle e tornar a navegação possível, parece que nossos cérebros desenvolveram uma espécie de mapa interno. Em vez de uma representação espacial das nossas experiências, os cientistas propõem que isso pode, na verdade, se parecer mais com uma espécie de "cronograma" interno.

Nova pesquisa liderada por cientistas do Instituto de Ciência Weizmann, publicada na revista PLoS Biology, mostra que a ativação sequencial de neurônios oferece uma maneira surpreendentemente precisa de "medir" a passagem do tempo. Com base nesse modelo, é possível navegar através das memórias e prever o futuro com base nas experiências passadas.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores realizaram um conjunto de experimentos nos quais gravaram a atividade de milhares de neurônios em todo o cérebro de camundongos. Os roedores foram treinados em uma tarefa que exigia que se lembrassem de um cheiro específico e depois o buscassem. Durante esses procedimentos, os pesquisadores conseguiram registrar as sequências de ativação neural quando os camundongos estavam "pensando" no cheiro e em sua localização.

Os pesquisadores chamam essa sequência de "navegação neural". Isso sugere que uma determinada sequência de ativação de neurônios corresponde à representação da memória de um evento. É como um registro temporal de eventos que ajuda o cérebro a se lembrar do que aconteceu e a prever o que pode acontecer a seguir. 

Além disso, o estudo confirmou que essa sequência de ativação pode ser revertida. Isso oferece a possibilidade de que o cérebro possa literalmente "voltar no tempo" através da sequência oposta para recuperar memórias passadas.

Os pesquisadores também constataram que tais sequências mantêm consistência entre diferentes tarefas mentais. Isso sugere que essas sequências de ativação são uma representação universal da memória e do tempo no cérebro.

Esses achados representam mais um passo no mapeamento da mente humana, fornecendo mais evidências que corroboram a hipótese que o cérebro usa tais mapas como mecanismo para navegar através de memórias e do tempo. Será útil no desenvolvimento de estratégias para tratar condições como Alzheimer e outras formas de demência, onde a capacidade de memória e a percepção do tempo podem ser comprometidas.

Os cientistas pretendem, agora, explorar ainda mais a natureza dessas sequências de ativação neural e como elas evoluem durante diferentes estados mentais, incluindo o sono e a meditação.

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